Sucessão de Mantega detona guerra surd no entorno de Dilma.
BRASÍLIA A presidente Dilma Rousseff tem tratado com discrição da escolha de sua equipe econômica num eventual segundo mandato. Para não fragilizar ainda mais a já desgastada imagem do ministro da Fazenda, Guido Mantega, ela quer falar em nomes só após o primeiro turno das eleições. Isso, porém, não tem impedido que assessores próximos a Dilma façam campanha a favor de alguns economistas.
O mais cotado para substituir Mantega é seu ex-secretário-executivo Nelson Barbosa. Tem o apoio do ex-presidente Lula, bom trânsito no setor público e é bem visto pelo mercado financeiro.
— É um dos poucos que conseguem dialogar com a presidente sem baixar a cabeça para ela — ponderou uma fonte do governo, lembrando que Dilma gosta dele, mesmo com a incompatibilidade de gênio entre os dois. CAFFARELLI EXERCERIA MANDATO TAMPÃO Como Barbosa e Mantega não se bicam, o Palácio do Planalto já teria criado uma estratégia para que eles não precisem dividir um período de transição na Fazenda. Uma das ideias é deixar o atual número dois da pasta, Paulo Rogério Caffarelli, num mandato tampão entre a eleição e a virada do ano. O nome do próprio Caffarelli foi ventilado como opção para o cargo, mas não ganhou força nas discussões por ainda ser considerado desconhecido. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, também está no páreo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. O economista sempre teve a simpatia da presidente e, segundo quem o conhece, alimenta a ideia de ganhar mais poder num segundo mandato. O problema é que Dilma não está tão satisfeita com seu desempenho no atual cargo. — Ele caiu na burocracia do BNDES e virou alvo de reclamações do setor produtivo. Isso irritou Dilma — disse uma fonte. Nos bastidores, também circulam pelo menos outros três nomes que poderiam comandar a economia a partir de 2015: o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e o professor Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos gurus econômicos da presidente. No caso de Tombini, há duas desvantagens: a dificuldade de arrumar um substituto e o fato de ele não ser ligado ao PT. — O Tombini não é petista de carteirinha. Não vão dar a chave do cofre para alguém de fora do partido — justificou uma fonte da equipe econômica. Já Mercadante tem afirmado nos corredores do Planalto que não planeja deixar a Casa Civil num eventual segundo governo. Ele estaria feliz como o todo-poderoso que despacha com Dilma várias vezes por dia, recebe missões e as executa, repassa orientações da chefe aos colegas ministros e ainda participa da articulação política. Ele, porém, não é carta fora do baralho: seu projeto pessoal é suceder a Dilma em 2018. Na Casa Civil, estaria mais perto dessa realização do que na Fazenda, pasta com muitos problemas a enfrentar a partir de 2015. Belluzzo, amigo de Mantega, não aceitaria o convite. O economista diz que deixou a vida pública após ser presidente do Palmeiras e que, agora, suas prioridades são ler e escrever. — Já estou na idade de buscar a felicidade acima de todas as coisas. O Guido é uma pessoa muito injustiçada, mas ele aguenta isso, eu não aguentaria — disse Belluzzo.
Notícia postada originalmente pelo Jornal Extra
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