Após BC reduzir juros, Mantega critica taxas de bancos (Postado por Lucas Pinheiro)
“A queda da Selic já está num patamar mais adequado para estimular a produção”, afirmou o ministro. “Porém, ainda não estamos com uma taxa de juros adequada praticada pelos bancos de modo que possa estimular o consumo e o investimento”, disse Mantega.
O ministro discursou durante o 39º Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto.
“Embora já tenhamos dado os primeiros passos, infelizmente ainda não chegamos no patamar adequado”, afirmou.
“A má notícia é que ainda estamos entre os maiores spreads do mundo”, disse o ministro. Ele ponderou, contudo, que “a boa notícia é que nós temos lastro para gastar, ou seja, podemos reduzir esse spread causando novos efeitos positivos na economia brasileira”.
O ministro afirmou que “os países avançados continuam empurrando com a barriga seus problemas e, portanto, o cenário externo continuará ruim e não por pouco tempo”. Mantega disse, porém, que “apesar de tudo, o Brasil é um dos países menos afetados pela crise internacional" por depender menos dos mercados externos.
PIB
“A economia brasileira começa a se aquecer numa aceleração gradual da economia, que pode ser vista pelo crescimento do PIB semestral”, afirmou.
Mantega lembrou que o crescimento do PIB no primeiro trimestre foi de apenas 0,2%, mas disse que as projeções de mercado apontam avanço de 0,5% no segundo trimestre e de 1,0% a 1,1% no terceiro semestre.
“Chegaremos ao final do ano com crescimento anualizado em torno de 4%. Esse desempenho se deve a uma série de medidas estruturais e conjunturais que temos tomado”, disse o ministro.
Na sequência, o ministro da Fazenda passou a enumerar estas medidas estruturais e conjunturais e seus respectivas resultados.
Segundo ele, a queda da taxa de juros “para este patamar quase civilizado” vai estimular o mercado de capitais. “Em vez de fazer aplicação em titulo do Tesouro vão para o mercado de dívida privada. Este mercado ficou atrofiado ao longo de todos estes anos.”
Câmbio
Mantega repetiu que o Brasil sofria a concorrência desleal de outros países, seja no mercado interno, seja no externo, por causa do câmbio. Por isso, o governo precisou adotar a atual política cambial.
“O câmbio estava valorizado e passamos a aplicar uma política de desvalorização, de modo a torna-lo mais competitivo. (...) Isso tem aumentado muito a competitividade das empresas brasileiras em relação ao nossos concorrentes”, disse.
Segundo ele, muitas vezes o produto importado custava 30% menos “não por produtividade, não por competência, simplesmente por uma questão cambial”.
Dívida pública
O ministro da Fazenda reforçou que o país conta com uma política fiscal sólida e que, num momento em que muitos países estão aumentando suas dívidas, o Brasil vem conseguindo diminuir o montante da dívida pública.
“Enquanto os outros países pioram, em 2012 nosso déficit nominal deve ficar em torno de 1,6%”, falou.
Desonerações
Durante seu discurso, Mantega citou as desonerações do governo. “Este ano, deveremos perfazer um total de mais de R$ 40 bilhões em desonerações, com redução de tributos em vários segmentos.”
Ele lembrou que o governo eliminou a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), deixando de cobrar R$ 8,8 bilhões. “Impedimos que a gasolina subisse de preço e prejudicasse toda a economia.”
Na véspera, o governo anunciou a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para vários setores, entre eles a linha branca e os automóveis. O benefício começaria a vencer na próxima sexta (31).
“Mantivemos as reduções de IPI que vinham sendo praticadas. São medidas de mais curto prazo, mas que têm dado excelente resultado na economia brasileira, basta ver o desempenho da indústria automobilística.”
Ele reforçou que, ao fazer essas reduções, o governo entra em acordo com os setores beneficiados para que não haja demissões de trabalhadores e para que haja redução dos preços. “Portanto, são beneficiados os trabalhador e o consumidor e ajuda a inflação a se manter em um patamar mais baixo.”
Outra medida importante, lembrou o ministro, é a desoneração da folha de pagamentos, uma forma de reduzir o custo da mão-de-obra sem afetar o salário do trabalhador. “Medida que reduz o custo incentiva as empresas a contratarem mais trabalhadores e abre espaço para que os trabalhadores tenham mais aumento de salário”, comentou.
Equívocos
Para Mantega, esta política de estímulo à economia é o que falta hoje para o países avançados. “Um dos equívocos é que fazem só corte de investimento, corte de despesa, corte de salário, corte de benefício. Aqui nós fazemos o contrário e temo uma situação fiscal sólida.”
Uma das prioridades do governo, segundo Mantega, é aumentar o nível de investimentos do país e, sobretudo, do investimento em infraestrutura. “Este ano já temos cerca de R$ 48 bilhões a serem investidos pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).”
Segundo ele, o polo de gás e petróleo é o que mais produz investimentos no país e é capitaneado pela Petrobras. “A Petrobras tem o maior plano de negócios do mundo. O programa de investimentos da Petrobras para os próximos cinco anos é o maior do mundo e isso promove o estímulo a toda uma cadeia produtiva local.”
Ao falar sobre o Programa de Investimentos em Logística, que prevê a aplicação de R$ 133 bilhões na reforma e construção de rodovias federais e ferrovias, Mantega disse que a medida vai servir para baratear o custo do transporte no país.
“Com este programa mais da Copa, mais Olimpíadas, programa habitacional, programa de construção, investimentos da Petrobras, o Brasil tem um dos maiores programas de investimento do mundo, umas das maiores carteiras de investimento do mundo que nos assegura aumentar os investimentos ao longo dos anos.”
Agricultura
Com o Plano Safra, de R$ 137 bilhões, a agricultura brasileira seguirá sendo uma das “mais eficientes e produtivas do mundo”.
“Hoje somos os primeiros colocados em vários produtos agrícolas. O primeiro produtor de café e o primeiro exportador, o maior produtor e exportador de carne bovina processada. (...) O Brasil será, segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), até 2020, o maior exportador de alimentos do mundo.”
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