Tailândia News (Blog N. 572 do Painel do Coronel Paim) - Jornal O Porta-Voz

Este blog procura enfatizar acontecimentos que comprovam o funcionamento sistêmico da economia mundial, na qual, através de um sistema de "vasos comunicantes", fatos localizados, mas de grande amplitude, afetam o sistema econômico planetário, como um todo e, vice-versa.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Levy livra Dilma do impeachment

2/4/2015 15:00

Por Tarcísio Lage, de Hilversum

Joaquim Levy é o Delifim Neto da presidente Dilma? Em todo caso, ele está acalmando a direita e afastando o risco de impeachment
Joaquim Levy é o Delifim Neto da presidente Dilma? Em todo caso, ele está acalmando a direita e afastando o risco de impeachment

Posso estar enganado, mas se vocês lerem com mais atenção os grandes jornais e ouvirem com mais cuidado os noticiários de TV, hão de notar uma pequena mudança em relação à crítica cerrada que fazem ao governo Dilma. Sempre tendo como exceção a revista VEJA, que não se comporta como órgão informativo, mas como porta-voz de ultra direita saudosa da ditadura. Em resumo: perde força a mensagem a favor do impeachment ou a derrubada da presidenta por qualquer método que seja.
É verdade que neste domingo A FOLHA DE SÃO PAULO deu destaque a uma frase em inglês dita por Joaquim Levy a alunos da Escola de Chicago, criticando a maneira confusa de Dilma em encaminhar as coisas. Chovendo no molhado. É só ouvir um pronunciamento da presidenta, sobretudo quando fala de improviso, para saber que ela é do tipo para que dizer fácil se podemos dizer difícil. Quem quiser, pode substituir o verbo dizer por fazer.
No entanto, mesmo a FOLHA vem mudando sua postura inicial a favor da derrubada de Dilma – através de impeachement ou outras vias – por uma posição de apoio ao remédio neoliberal proposto por Joaquim Levy. O ESTADAO foi mais além ao publicar um editorial, afirmando sem meias palavras ser as pessoas contrárias ao arrocho do ministro da Fazenda mal informadas ou mal intencionadas.
A demonização da presidenta e do PT no panelaço do dia 8 e nas manifestações do dia 15 está perdendo força, O escândalo das contas secretas no banco suíço HSBN atingiu em cheio o PSDB e mesmo a Operação Lava a Jato envolve cada vez mais todo o conjunto dos principais partidos do País. Lembro que numa edição de Conversa Afiada do jornalista Paulo Henrique Amorim ele disse que o escândalo do HSBN ia detonar a Operação Lava a Jato. Detonar eu não sei. Mas é evidente o crescimento da tese entre os políticos e a imprensa de ser no momento mais importante uma solução política do que policial.
É uma questão de classe em que o PT saí mais enfraquecido e encantoado. Está claro que, para sobreviver, o governo Dilma entregou o seu mais importante ministério à direita neoliberal, ao capital financeiro que, como já previa Lenin, seria a força motriz do capitalismo na sua fase imperialista. E, de quebra, deu aos ruralistas, contrários à reforma agrária, o ministério da Agricultura, dirigido pela Moto Serra de Ouro Kátia Abreu.
É inegável que em 12 anos na presidência, o governo petista conseguiu uma proeza jamais alcançada por qualquer outro governo: a real redistribuição da venda, mesmo que o PT tenha rasgado seu programa inicial em 2002 para conseguir a primeira eleição de Lula. Acentue-se também que o capital financeiro internacional tem interesse em quebrar as distorções históricas que colocaram e ainda colocam o Brasil entre os países com o pior sistema de distribuição da renda. O retrocesso agora imposto é conjuntural. Mas o estômago dos pobres e a classe média atingida pela redução de ganhos não entendem que diabo é isso de conjuntura. Só importa o aqui e agora abrindo a brecha para a entrada da extrema direita golpista.
Na internet onde se pode tudo (e isso é muito bom), na VEJA que se afunda financeiramente e nas palavras de muitos jornalistas e políticos claramente saudosos dos tempos da ditadura, toda essa gente aposta quase tudo nas manifestações convocadas para o dia 12 de abril. Mas podemos prever (e desejar) que não tenham êxito, mesmo que haja um bom número de manifestantes. Simples, cristalino. A bandeira deles não foi aprovada pelos donos do capital.
Meto-me agora num tema controvertido, mas coerente com o que acabei de escrever. Não creio que o governo estadunidense, a administração Obama, tenha o menor interesse em desestabilizar o governo brasileiro, muito menos em derrubar a presidenta. Os presidentes dos EUA sempre foram, antes de tudo, capatazes do império, que também responde pelo nome de capital financeiro internacional. E esse, vale enfatizar, está muito contente com o Chicago Boy sentado à direita de Dilma.
O argumento de que a CIA vê com preocupação o apoio do governo brasileiro à Venezuela e ao chamado bolivarismo criado por Hugo Chavez é uma visão tacanha. Ainda que contrário ao isolamento da Venezuela e manter boas relações políticas e econômicas com o país, os governos petistas sempre foram vistos como alternativas ao bolivarismo, não seguidores. Quem duvidar disso, recomendo ouvir a entrevista concedida por Lula à BBC, neste link https://www.google.nl/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=entrevista%20de%20lula%20na%20bbc
Para resumir: a direita faturou, a extrema direita reduziu-se ao papel de cachorro que late e está no momento sem dentes e o PT corre o risco de encerrar com Dilma seu ciclo no governo.
É uma questão de classe.
Tarcísio Lage, jornalista, escritor, começou na Última Hora de Belo Horizonte no início dos anos 60. Com o golpe de 1964 teve de deixar a cidade e o curso de Economia na UFMG.  Até 1969, quando foi condenado pela Injustiça Militar, trabalhou em várias redações do Rio e São Paulo. Participou da tentativa de renovação da revista O Cruzeiro e da reabertura da Folha de São Paulo, em 1968. Exilado no Chile no final de 1969, trabalhou, em seguida, em três emissoras internacionais: BBC de Londres, Rádio Suiça, em Berna, e Rádio Nederland, em Hilversum, na Holanda, onde vive atualmente.  As Tranças do Poder é seu último livro.
Direto da Redação é um fórum, editado pelo jornalista e escritor Rui Martins

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Em entrevista, Dilma Rousseff diz que confia na recuperação da Petrobras

AGÊNCIA BRASIL 2 de Abril de 2015 | 12h00
A presidente disse que não viu “sequer um sinal” dos atos de corrupção
(Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
A presidente disse que não viu “sequer um sinal” dos atos de corrupção
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A presidente Dilma Rousseff disse acreditar que a Petrobras voltará a receber maior volume de capitais, após superar o “processo de descoberta da corrupção”. Em entrevista à agência norte-americana de notícias Bloomberg, ela disse também que o “grande corte” a ser promovido pelo governo se dará fundamentalmente na máquina pública e prometeu fazer tudo para atingir o superávit primário de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB - soma das riquezas produzidas no país). Superávit primário é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública.
Na entrevista, Dilma admitiu que ainda haverá dificuldades, mas reafirmou a solidez dos fundamentos macroeconômicos do país. “Não é só uma questão de crença, é de ação política. Nós sabíamos que os resultados de janeiro e fevereiro não seriam bons. Eu acho que inclusive o mercado já esperava um pouco isso. Acreditamos que ainda vamos ter um período de dificuldades, mas o Brasil tem uma situação de solidez bastante grande, nos seus fundamentos macroeconômicos.”
De acordo com a presidente, depois que tiver novamente acesso ao mercado de capitais, a Petrobras poderá receber os investimentos de que precisa, já que tem uma “imensa capacidade”. “A Petrobras, inclusive, em alguns momentos, era empresa para a qual todo mundo queria emprestar. A Petrobras vai distribuir dividendos. Ela, neste processo de agora, de descoberta da corrupção, tem condições de passar por isso e superar”.
Dilma ressaltou que as “medidas drásticas” que a estatal terá de tomar foram também adotadas internacionalmente por outras empresas que enfrentaram situações similares. Segundo ela, a Petrobras terá, então, “uma gestão muito melhor”, “melhores práticas” e “capacidade de se alavancar novamente”.

A presidente disse que não viu “sequer um sinal” dos atos de corrupção que ocorriam entre funcionários da empresa e de empreiteiras e políticos, e que os indícios foram descobertos por uma investigação da Polícia Federal e do Ministério Público. Quanto às construtoras citadas nas investigações como participantes de cartel e desvio de recursos públicos, Dilma afirmou que não são todas as empreiteiras brasileiras que estão envolvidas. “Algumas vão ter de fazer acordo de leniência. Agora, eu não acho que isso impeça o investimento.”
Quanto às medidas de ajuste fiscal, Dilma declarou que os cortes serão “fundamentalmente no custeio e no enxugamento da máquina”. Ela ressaltou que que o problema não será resolvido com cortes em pessoal e que será preciso racionalizar gastos, "defasar outros" e criar vários mecanismos.
"Essa é a parte com a qual o governo entra, porque todo mundo tem de entrar com um pedaço. O nosso pedaço, quero avisar, vai ser grande. Vamos fazer um grande corte, um grande contingenciamento orçamentário." Ela enfatizou que não haverá redução na política social. "[Isso] porque não é ela que é responsável pela grande maioria dos gastos. O que nós vamos fazer é um enxugamento em todas as atividades administrativas do governo, um grande enxugamento.”

Sobre o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a presidente disse que ele é “muito importante para o Brasil hoje” e que tem muita firmeza. Dilma voltou a comentar declarações de Levy sobre a atuação dela na condução do ajuste. “O que o ministro Joaquim Levy disse: 'você, não necessariamente, tem uma única forma de chegar a uma medida. Às vezes, eu até prefiro a mais rápida, eu prefiro pelo meu jeito de ser, mas nem sempre essa é a melhor medida, às vezes politicamente você tem de construir um outro caminho e, neste, tem necessidade de refazer o processo, de fazer o processo você tem várias passagens.'” Ela acrescentou que esse tipo de prática não deve ocorrer somente na aplicação do ajuste econômico.
Dilma afirmou também que, depois que o ajuste for aprovado, pretende fazer algumas medidas microeconômicas, e citou a estrutura tributária como “não eficiente” e “complexa”. “Um dos motivos pelos quais fazer bitributação, acordo de bitributação no Brasil é difícil é por causa dessa estrutura, que é uma estrutura muito burocratizada, cheia de detalhes. Nós queremos visitar por exemplo, a cumulatividade de impostos e mudar isso. Nós queremos racionalizar a estrutura tributária brasileira. Além disso, nós temos também uma série de ações na área da desburocratização.”