Tailândia News (Blog N. 572 do Painel do Coronel Paim) - Jornal O Porta-Voz

Este blog procura enfatizar acontecimentos que comprovam o funcionamento sistêmico da economia mundial, na qual, através de um sistema de "vasos comunicantes", fatos localizados, mas de grande amplitude, afetam o sistema econômico planetário, como um todo e, vice-versa.

domingo, 6 de julho de 2008

Líderes do G8 devem anunciar perdão da dívida dos países africanos

Mylena Fiori
Enviada especial
Agência Brasil


Hokkaido (Japão) - Além de coordenar posições e definir ações prioritárias para o desenvolvimento africano, líderes dos Estados Unidos, Canadá, Japão, Itália, Alemanha, França, Reino Unido e Rússia devem aproveitar seu encontro anual para comunicar ao mundo ajuda financeira para o continente que mais sofre com a inflação no preço dos alimentos. Na reunião de 2005, em Gleanegles, os países do G8 anunciaram o perdão de 100% da dívida dos países africanos. Este ano não deve ser diferente.

O Japão, que ocupa a presidência rotativa do grupo, já anunciou um gordo pacote de apoio financeiro e técnico à África nos próximos cinco anos. Na abertura da 4ª Conferência de Tóquio para o Desenvolvimento Africano (TICAD), no final de maio, o primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda informou que o país dobrará a ajuda oficial para o desenvolvimento da África até 2012.

A promessa inclui mais de US$ 4 bilhões em financiamentos para o desenvolvimento da infra-estrutura do continente africano, incluindo estradas e portos. Simultaneamente, o governo japonês pretende adotar medidas de incentivo à atuação de empresas japoneses na África.

Uma das ações para facilitar os negócios no continente africano será a criação de uma linha no Banco Japonês para a Cooperação Internacional (IBIC) para financiamento direto de atividades e para garantir financiamentos concedidos por outros bancos japoneses para negócios naquele continente - com essa linha, o IBIC destinará US$ 2,5 bilhões ao desenvolvimento africano nos próximos cinco anos.

Durante a 13ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), em abril, o governo japonês já havia anunciado uma ajuda emergencial de US$ 100 milhões para as regiões mais afetadas pela elevação do preço dos alimentos, com a promessa de que fatia significativa seria destinada à África. Outros US$ 150 milhões foram anunciados na Conferência de Alto Nível sobre Segurança Alimentar Mundial da FAO, realizada no começo de junho, em Roma.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Crise mundial de alimentos domina discursos em encontro de presidentes do Mercosul

Mylena Fiori
Enviada Especial
Agência Brasil


San Miguel de Tucumán (Argentina) - Embora não estivesse na pauta, a crise mundial de alimentos e a disparada no preço do petróleo - que bateu US$ 140 por barril nas últimas semanas - acabaram dominando os discursos e as propostas da 35ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Mercosul, realizada hoje (1º) na cidade argentina de San Miguel de Tucumán.

Procurando se eximir dos pequenos avanços em temas do bloco durante a presidência rotativa argentina, a presidente Cristina Kirchner argumentou, logo na abertura da plenária, que nos últimos seis meses os alimentos e a energia invadiram a agenda pública dos países no mundo todo.

"Essa disparada dos preços em matéria de alimentos põe em risco não só a economia de um país, não só as reservas de um banco central, mas coisas mais tangíveis, e que nos faz muito mais responsáveis, que é a mesma dos homens e mulheres de nossos povos", disse Cristina.

Tanto Cristina quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva culparam a especulação financeira pela inflação de alimentos. A presidente argentina assinalou, inclusive, a simultaneidade da disparada dos preços com a crise do mercado hipotecário americano. "Quando os bancos começam a fazer água é quando começam, precisamente, os movimentos especulativos no setor dos alimentos. A economia cassino que estava circunscrita ao âmbito financeiro e ao mercado de dinheiro começa a se transferir para o mundo dos alimentos", afirmou Cristina Kirchner.

O argumento foi reiterado por Lula, que lembrou as safras dos próximos três anos já estão negociadas no mercado futuro, o que se reflete nos preços atuais. No caso do petróleo, segundo Lula, o estoque do mercado futuro equivale a duas vezes o consumo da China.

Com apoio de Lula, o venezuelano Hugo Chávez sugeriu a criação de um grupo de alto nível, dentro do Mercosul, para tratar do tema. "A criação desse grupo vai permitir que nós possamos, no âmbito do Mercosul e também da Unasul, fazer uma discussão muito verdadeira sobre as necessidades alimentares de cada país", afirmou Lula.

Chávez também sugeriu a criação de um fundo para promover a produção emergencial de alimentos da região. E chegou a fazer uma proposta concreta aos colegas. Disse que a Venezuela está disposta a doar para um US$ 1 por cada barril de petróleo exportado por valor acima de 100 dólares. "Em vez de transformar alimentos em combustíveis, vamos transformar petróleo em alimento", defendeu.

A conclusão geral é de que a crise mundial de alimentos representa um desafio e uma oportunidade para os países sul-americanos. O caminho para isso é buscar a complementaridade das diferentes estruturas produtivas da região. "A integração é, para nós, uma oportunidade e uma necessidade como nunca tivemos na nossa história", resumiu Cristina Kirchner.