Tailândia News (Blog N. 572 do Painel do Coronel Paim) - Jornal O Porta-Voz

Este blog procura enfatizar acontecimentos que comprovam o funcionamento sistêmico da economia mundial, na qual, através de um sistema de "vasos comunicantes", fatos localizados, mas de grande amplitude, afetam o sistema econômico planetário, como um todo e, vice-versa.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Após as eleições, Copom surpreende e sobe juros para 11,25% ao ano

Mercado financeiro acreditava que juros seriam mantidos em 11% ao ano.
Inflação soma 6,75% em 12 meses até setembro, mas atividade está fraca.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília
Selic outubro 2014 a 11,25% (Foto: Editoria de Arte/G1)
Em sua primeira reunião após a reeleição da presidente Dilma Rousseff, o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu ao elevar a taxa básica de juros da economia brasileira de 11% para 11,25% ao ano. Foi a primeira elevação desde abril deste ano, o que levou a taxa de juros ao maior patamar desde o fim de 2011.
A decisão surpreendeu a maior parte dos economistas do mercado financeiro, que apostavam maciçamente em nova manutenção da taxa básica da economia em 11% ao ano. A decisão acontece em um momento de fraca atividade econômica, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) registrado retração no primeiro e segundo trimestres deste ano – o que configura recessão técnica – embora a inflação em doze meses até setembro tenha somado 6,75%, acima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro.
O próprio Banco Central havia sinalizado, na ata da última reunião, ocorrida em setembro, que os juros não deveriam ser reduzidos, mas não havia deixado claro que a taxa poderia ser elevada. Na ocasião, informou que seria plausível afirmar que, levando em conta estratégia de não redução do instrumento de política monetária (juro), a inflação tenderia a entrar em trajetória de convergência para a meta nos trimestres finais do horizonte de projeção (2016).
Segundo analistas, vários fatores que influenciam a inflação se contrapõem neste momento. O baixo nível de atividade e a queda dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional) atuam para conter a inflação, ao mesmo tempo em que a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros), continuam pressionando os preços. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Decisão não foi unânime
A decisão do Copom, entretanto, não foi unânime. Votaram pela elevação da taxa Selic o presidente da instituição, Alexandre Tombini, além dos diretores Aldo Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 11% ao ano os seguintes integrantes do Comitê: Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.

Ao fim do encontro, foi divulgada a seguinte explicação: "Para o Comitê, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o Comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016".
Metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação vigente na economia brasileira, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Para 2014, 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, mas o IPCA, que serve de referência para o sistema brasileiro, pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

No fim de setembro, o Banco Central estimou, por meio do relatório de inflação, um IPCA de 6,3% para este ano e de 5,8% a 6,1% para 2015, ou seja, valor ainda distante da meta central de 4,5% para ambos os anos. Segundo a autoridade monetária informou naquele momento, a inflação começará a convergir mais fortemente para a meta central somente em 2016.
Em doze meses até setembro, o IPCA somou 6,75% - acima do teto de 6,5% do sistema de metas brasileiro. Entretanto, o governo considera que a meta foi cumprida ou não apenas com base no acumulado em 12 meses até dezembro de cada ano.
Política econômica
A política econômica foi alvo de ataques da oposição durante a campanha presidencial deste ano. O baixo crescimento da economia brasileira, assim como o fato de a inflação estar oscilando ao redor de 6% nos últimos anos, foi atacada pelo candidato do PSDB, Aécio Neves

De acordo com Silvio Campos Neto, economista-sênior da Tendências Consultoria, houve "perda de credibilidade" do BC, uma vez que a inflação oscilou ao redor de 6% nos últimos anos e meses, mais próxima do teto do sistema de metas, do que do objetivo central de 4,5%. Para ele, a instituição teria de promover um aumento muito grande da taxa neste momento para tentar retomar a confiança.
"A politica macroeconômica está muito desajustada, especialmente o lado fiscal [gastos públicos] nos últimos anos. Isso dificulta ainda mais o lado da política monetária [definição dos juros]. É importante recolocar a parte macroeconômica em ordem, com uma política mais consistente fiscal e monetária, e mostrar como lidar com o câmbio, zerando o jogo, e passar para a sociedade quais são os objetivos", avaliou o economista da Tendências, antes da reunião do Copom.
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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Especulação sobre nova equipe econômica faz Bolsa subir; dólar recua


Especulações sobre nomes de nova equipe econômica do governo fizeram o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, reagir e subir 3,62% nesta terça-feira (28), para 52.330 pontos, depois de recuar 2,77% na segunda-feira (27).
No ano, a Bolsa subiu apenas 1,6%, mas, desde seu pior nível no ano, em 14 de março, seu ganho foi de 16,4%.
O dólar, por sua vez, fechou em queda, depois de subir atingir níveis historicamente altos na segunda-feira. O comercial, usado no comércio exterior, recuou 1,94%, para R$ 2,474. A moeda à vista, referência no mercado financeiro, caiu 1,65%, para R$ 2,479. No ano, a alta das duas cotações é de cerca de 5%.
Na terça, circularam notícias de estariam cotados para assumir a Fazenda Luiz Trabuco (presidente do Bradesco), Henrique Meirelles (ex-presidente do BC) e Nelson Barbosa (ex-secretário-executivo do ministério), o que agradou ao mercado, para analistas.
"Os nomes que estão sendo cogitados agradam ao mercado, mas por enquanto são só especulações", pondera o analista João Brügger, Leme Investimentos.
"Enquanto houver a expectativa sobre a equipe econômica, ainda que não haja confirmação, mas sem um desmentido, o mercado tende a seguir positivo", destaca Bruno Piagentini, da Corretora Coinvalores.
Além disso, o cenário externo mais favorável, com o fim da reunião do FOMC -comitê de política monetária do Fed, o BC dos EUA– amanhã, também contribuiu para que a Bolsa brasileira se valorizasse.
"Depois da tempestade, o mercado [brasileiro] ficou mais acomodado e os mercados globais estão bem, com a expectativa em relação às decisões do FOMC", afirma o economista-chefe da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira.
AÇÕES
A tendência de baixa do mercado, no entanto, ainda continua, na avaliação do analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora. "Mas aos poucos vamos voltando à normalidade."
Das 70 ações negociadas no Ibovespa, 57 fecharam em alta, e 13, em baixa.
A principal alta ficou para os papéis da Gol Linhas Aéreas, com valorização de 15,49%, com ações negociadas a R$ 12,45. Os papéis Usiminas apresentam a maior desvalorização, com queda de 4,19% e ações negociadas a R$ 5,95.
Já as ações da Petrobras, depois de atingir queda recorde no pregão da segunda, fecharam ontem em alta.
As ações preferenciais da companhia, as mais negociadas, subiram 5,18%, para R$ 15,03, e o papéis ordinários –que dão direito a voto– registraram alta de 4,24%, negociados em R$ 14,51.
A especulação em relação ao reajuste no preço do combustível explica parte dessa valorização. "Até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já declarou que haveria o reajuste do combustível. Isso foi antes da queda do preço do petróleo, mas o mercado já está precificando este aumento e isso gera expectativas positivas", avalia Bruno Piagentini, da Corretora Coinvalores.
João Brügger, da Leme, destacou que o destaque do pregão ficou para as ações dos bancos, influenciadas pela expectativa de indicação de Trabuco ou Meirelles para o Ministério da Fazenda.
As ações do Banco do Brasil tiveram alta de 7,17% negociadas a R$ 26,15; do Bradesco subiram 6,77%, a R$ 35,15; e as do Itaú apresentaram alta de 5,94%, saindo por R$ 33,90.
Na ponta negativa, apareceu a Usiminas, cujos papéis preferenciais recuaram 4,19%, para R$ 5,95, e os ordinários variaram -4,39% para R$ 6,53. A siderúrgica divulga seus resultados do terceiro trimestre nesta quarta-feira, em meio a uma disputa entre dois de seus principais sócios,, a ítalo-argentina Ternium e a japonesa Nippon Steel.
CÂMBIO
De acordo com Marcos Trabbold, operador da B&T Corretora de Câmbio, com as expectativas em relação à política econômica e ao novo ministro da Fazenda, o mercado começou a se movimentar. "Mas ainda tem muita gente em compasso de espera aguardando sair o nome do ministro e a nova política econômica", diz.
Nesta terça, o Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 swaps cambiais (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,7 milhões.
A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar 8.000 contratos de swaps cambiais que tinham vencimento previsto para 3 de novembro, por US$ 393,2 milhões.